Eu quero ser uma flor que nasce e se desenvolve no jardim de Deus! Mas infelizmente há uma flor que muitas vezes está em nós, mas que nasce e é cultivada no jardim do inimigo. Esta flor chama-se orgulho!
Não há nada da pior para enfrentarmos no nosso dia a dia do que o orgulho, esta “doença” em nosso carácter que tenta nos fazer acreditar que somos auto-suficientes e que podemos viver, de forma independente, sem precisarmos de ninguém.
Lacordaire, um famoso pregador dominicano do século XVIII disse que “o orgulhoso não pede licença; atropela. Não pede perdão; justifica-se. Não dá explicações; ameaça. Não pede ajuda; se mata. Não agradece; cobra. Não perdoa; vinga-se. Não delega autoridade; faz tudo sozinho. Não elogia; reclama. Não ora; amaldiçoa.”
Hoje pela manhã, eu estava a tomar o meu “café com Deus” e a meditar na história do Rei Uzias, o que fora contemporâneo do profeta Isaías. Uzias começou o seu reinado com apenas 16 anos e começou muito bem. Mas infelizmente o seu fim foi terrível!
Em 2 Cr 26.4, 5, diz que Uzias “fez o que era reto aos olhos do Senhor… porque deu-se a buscar a Deus; e, nos dias em que buscou o Senhor, Deus o fez prosperar”. Ele era tão próspero, que no seu reinado havia 2.600 líderes, e o seu exército possuía 307.500 soldados guerreiros, poderosos em armamentos e em inteligência. Uzias “também fez em Jerusalém máquinas de invenção de engenheiros…” (v.15). Por causa do seu grande poder e inteligência, ele tornou-se um homem muito poderoso e famoso em todas as nações vizinhas: “… e voou a sua fama até muito longe, porque foi maravilhosamente ajudado até que se tornou forte” (v.15c).
Tudo o que tinha Uzias, não vinha da sua força ou da sua sabedoria, mas de Deus. Deus o estava honrando por ele ter voltado o seu coração para o Senhor e fazer o que era bom aos Seus olhos, MAS, o texto diz que “havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o Senhor, seu Deus…” (v.16).
É tão fácil cairmos! É tão fácil deixarmos o orgulho entrar… Ele não entra de uma vez, mas vai entrando pouco a pouco, corrompendo devagarinho o coração de uma pessoa. Ninguém se torna orgulhoso de uma hora para outra. A falta de humildade vai dando lugar à arrogância nos pequenos acontecimentos, nos pequenos elogios, nos pequenos progressos. Todos nós somos provados todos os dias, em todos os momentos, especialmente quando fazemos alguma coisa bem feita, alguma coisa que achamos ser digna de reconhecimento.
Foi Salomão quem disse que “O homem é provado pelos louvores que recebe” (Pv 27.21) E como somos provados ao sermos elogiados! Há elogios que devem ser recebidos apenas como encorajamento e fortalecimento para o nosso crescimento, mas há elogios, que devem ser discernidos como provações ao nosso coração. Foi Freud, pai da psicanálise moderna, quem disse que “podemos nos defender de um grande ataque, mas somos indefesos a um elogio”.
O evangelista Billy Graham, antes de pregar em um determinado lugar, os organizadores lhe disseram que ele deveria passar no meio da multidão que veio para lhe ver pregar, para que eles pudessem tocá-lo e receber dele alguns autógrafos. Ele respondeu de uma forma bem firme e segura: “Jamais farei isto. Eu prego a Palavra e é ela que deve ser honrada, não eu. Deus não reparte sua glória com o homem”. Será que você e eu teríamos uma atitude destas? Será que entenderíamos que somos apenas administradores, mordomos e servos daquele que em nós, opera todas as coisas?
A presunção e o orgulho fizeram com que Lúcifer e 1/3 dos anjos se transformassem em demónios e inimigos de Deus. Cuidemos do nosso coração! Vigiemos o nosso coração contra o orgulho, porque ele vai gerar em nós, um distanciamento tão grande das coisas de Deus, de forma a perdermos a simplicidade que há em Cristo (2 Co 11).
Isto aconteceu, infelizmente com o Rei Uzias, que por se achar tão perfeito, deixou que o seu coração fosse corrompido pelo orgulho. Ele começou a fazer aquilo que não era da sua alçada. Começou a passar para além do seu limite. Ele foi no templo e queimou incenso ao Senhor. Mas ele era apenas um rei e não um sacerdote. Isto não era parte do seu ofício. Mas para piorar a sua situação, ele, ao ser confrontado pelo Sacerdote Azarias e outros que ali estavam, se indignou contra eles, e por isso, Deus o feriu, e ele recebeu lepra na sua testa. Ficou leproso, tendo que ser afastado do convívio com as outras pessoas. Ficou leproso até à morte.
O ministério profético de Isaías, começou no ano em que morreu o Rei Uzias (Is 6). Enquanto houver uma liderança orgulhosa, estará ali uma liderança com lepra na sua testa. Uzias teve que morrer para que uma voz profética se levantasse!
Dizem que orgulho é como mau hálito, quem tem não sabe que tem, mas eu não concordo com isso. Creio que somos confrontados pelo Espírito Santo todos os dias, em relação ao que somos e o que poderemos ser. Sabemos como somos e conhecemos os desafios da transformação. Mas às vezes, fugirmos da realidade parece um caminho mais fácil, porque para sermos transformados, temos que ser disciplinados e determinados em buscarmos ao Senhor e nos esforçarmos para fazer somente o que é bom aos Seus olhos!
Vamos precisar entender que só Jesus é digno de toda honra e glória e que tudo o que fazemos, por melhor que seja, não merece reconhecimento algum. Tudo o que somos, o somos pela graça! Tudo o que fazemos bem, o fazemos pela graça! Chegaremos no céu, somente pela graça!
“Pela graça de Deus, sou o que sou” (1 Co 15.10)
“Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6.14)
Shalom!