Tenho muitas memórias dos Natais na casa dos meus pais. Minha mãe sempre gostou de decorar a casa, ter uma árvore de múltiplas cores com luzes coloridas a piscar durante todo o mês de Dezembro. Meu pai costumava trabalhava muito mais nessa quadra em sua loja de flores, pois era quando ele mais vendia ciprestes e “bicos-de-papagaio”. Ele raramente passava a consoada conosco e muito menos almoçava em casa no dia do Natal.
A sensação de sempre faltar alguém não permitia que a nossa celebração fosse completa.
Minha mãe preparava uma refeição diferenciada da dos outros dias, e nunca faltava o cuscuz de tapioca regado a (muito) leite condensado, a salada de maionese, o bacalhau e o pernil assado.
Éramos sete irmãos, e todos nós esperávamos que alguém colocasse uma prendinha que fosse em nossa bota pendurada na sala ou em nossa caixinha preparada para ser enchida, mas as prendas não costumavam chegar para nós. No máximo, o que ganhávamos era uma caixinha de bombons Garoto que um tio levava para nos alegrar um pouco. Ver muitos dos nossos amiguinhos ganhando brinquedos e roupas deixava o nosso coração com a sensação de que não éramos queridos e que ninguém se importava conosco. Isso era em quase todos os natais.
Até que…
Ao entregar minha vida a Cristo aos dez anos de idade, descobri que o maior e melhor presente de todos foi-nos dado pelo próprio Deus, que nos deu o melhor que Ele tinha: o seu único Filho. Tudo o que tinha um verdadeiro sentido passou a fazer sentido na minha vida.
O próprio presente que nos foi dado disse: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”, e nos foi dado “não para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João 3:16-17).
Isaías já havia profetizado sobre este presente que nos foi dado gratuitamente: “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
Nunca mais tive a sensação de que não era amada só porque não podiam me dar presentes de Natal, porque nada neste mundo, ainda que venha banhado a ouro e prata pode se comparar com a maior de todas as dádivas.
Foi pelo Filho Unigênito de Deus, que se tornou “o Primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:29), que fomos trazidos de volta para o mesmo Pai, e por isso, podemos nos sentir completos, sem sentir falta de nada; afinal, a sua presença é o que mais importa em todas as quadras.
“Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu:
que fôssemos chamados filhos de Deus, o que de fato somos”
1 João 3:1
Feliz Natal!
Abençoado 2023.
Shalom!
GERAÇÃO PROFÉTICA 